Entre nossos lábios sobra uma pausa, um espaço, um vazio (que não sei explicar)...
Enquanto nossos olhos confessam verdades em segredo.
sábado, 25 de dezembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Cartilha
Ninguém disse que tinha cartilha pra nascer.
Para ser parte deste mundo tenho de seguir várias normas.
Quem disse que quero esta regra geral?
Quem disse que quero ser assim?
Que finge não sentir dor, raiva e medo...
Que finge não querer sempre um sorriso a mais...
Que finge não se importar pelo abandono...
Que finge tanto que esquece quem realmente é.
Alguma vez disse querer ser fajuta de mim mesma?
Sou mais este sonho trôpego que tenta se encontrar em descaminhos.
Sou mais estas palavras que sempre tentam tecer o real.
Sou mais estas cicatrizes de quem se arriscou.
Sou mais esta eterna possibilidade de ser mais algum grão - de emoção.
sábado, 20 de novembro de 2010
Labor
Não havia pausa. Ininterruptos objetos passavam pela lateral do meu corpo e eu tinha de dar conta de cada um deles. Disso dependia o alimento que meus filhos poriam na boca no jantar. Todo o meu corpo doía e eu estava me anestesiando disso visualizando eu e meus pequenos brincando no parque ou quando os coloco para dormir e me olham com tanto amor que quase fico sem respirar. O barulho era praticamente ensurdecedor - nunca haviam se preocupado se nossos ouvidos resistiriam àquele som constante de ranger de máquinas que trabalhavam roboticamente entre nossos corpos. Eu perdia sempre a conta de quantos itens eu segurava, girava para conferir e colocava na outra esteira que ficava atrás de mim. Aquele movimento me perseguia até em meus mais profundos sonhos: um dia cheguei a sonhar que havia uma peça metálica entre meu tronco e minhas pernas que me permitia girar uma volta completa tantas quantas fossem as vezes que quisesse. Quem sabe se fosse assim não sentiria tanta dor. Já não conseguia pegar nem o mais novo no colo quando estava cansado. Estes pensamentos eram proibidos durante a jornada pois me faziam questionar o trabalho e sentir mais cansaço. No fundo eu sabia que era um abuso todo o trabalho que realizava combinado com o valor insatisfatório que recebia. Prometiam melhora de jornadas, escalas, aumento de salário e ajuda de custo com alimentação - mas sempre me olhavam torto por saberem dos meus filhos e do custo que cada um teria se fossem contabilizadas as minhas reais necessidades.
Chamaram-me à sala do supervisor logo depois de chegar ao pavilhão e disseram que eu já havia prestado muito àquela instituição e merecia algo melhor. Eles haviam comprado uma nova máquina e precisavam de alguém que operasse, era fácil e rápido de aprender a manuseá-la. Bastava pressionar dois botões: um para quando o produto estivesse nas condições ideais e outro quando não estivesse. Verde e vermelho. Tão fácil que mal acreditava e o que era melhor: meu salário dobraria.
Cheguei em casa e fui contar ao meu marido. Entrei na cozinha e ele estava conversando com mais dois vizinhos nossos e suas mulheres - todos trabalhavam na fábrica. Antes que eu pudesse abrir a boca e proferir algum som eles me contaram que uma máquina recém adquirida pelos donos seria a responsável por mais de cinqüenta demissões. Completaram dizendo que ainda não sabiam quem iria operá-la. Estavam aflitos: apesar da dor da repetição incessante entre as esteiras aquilo que garantia sua sobrevivência e de seus filhos. O meu semblante murchou por saber-me responsável pela dor de tantas pessoas e da injustiça que seria cometida. Entretanto, se não fosse eu seria outro.
Aquele foi o primeiro dia que não consegui dormir quando deitei o corpo castigado pelos sucessivos movimentos. Os olhos vidrados no teto enquanto na cabeça os pensamentos fixavam-se ao problema da máquina. Quando era hora de acordar apenas levantei e segui fazendo o ritual do café da manhã, tomei meu banho e me vesti. Saí de casa já com tudo minuciosamente planejado. Cheguei mais cedo e fui até a gigantesca sala onde tapado por uma lona encontrava-se o motivo de minha insônia. Peguei um alicate de corte, um martelo e uma chave de fenda e segui por baixo da lona até encontrar o coração daquele dragão. Tinha pouco tempo, mas realizei um bom estrago e saí antes que me percebessem. Fui caminhando para casa pensando na escolha feita e que não levaria muito tempo até que arrumassem ou substituíssem aquela geringonça. Prostrei-me à cama e chorei por horas a minha temporária liberdade.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
De textos antigos...
De textos antigos ficam os restos, os rasgos, as frestas de nosso ser. Entregamo-nos aos poucos nos vazios que deixamos a preencher, nas reticências a enfeitiçar o pensamento alheio. Nas palavras ficam as sutilezas - detalhes de nosso macro em microtons. E tentamos ser autênticos sempre enquanto engasgamos entre as emoções que nos saltam às borbulhas. Nos antigos relatos quase expomos o osso apesar de ensaiarmos um tangenciamento das feridas.
{Ao olhar o que já tracei em linhas me vejo mais nua, mais crua e sem tantas camadas de proteção. Entretanto me vejo mais afoita por respostas e com menos 'traquejo' para as lições do cotidiano.}
domingo, 18 de julho de 2010
Novidade
Era dúvida: seguir adiante negando a dor lascinante ou correr atrás de algo que nem sabia mais se valia a pena? Olhou as fotos dentro da caixa de sapato cheirando ainda ao All Star que havia dado a ela e derramou uma solitária lágrima que caiu exatamente em cima do rosto de Andrea. Se conheceram longe de tudo e todos e lá eles eram pessoas inteiras de sonhos paralelos realizando-se.
Fizeram vários planos para quando retornassem ao Brasil. Viveram juntos logo em seguida de conhecerem-se e de nada se arrependeram. Sua rotina incluía além do trabalho e estudo vários amigos que compartilhavam de sua felicidade. Repartiam a alegria de estarem vivos com quem passasse perto.
Entretanto agora ele relembrava anos em minutos com o telefone na mão questionando se pediria uma nova chance de provar que ainda era possível vivenciar aquilo tudo que foi tão meticulosamente planejado no auge de seus mais preciosos sentimentos. Se fosse preciso, faria escolhas melhores e concessões que ele considerava anteriormente como uma violência à sua personalidade.
Ali, com o aparelho que serviria como uma ponte para seu passado, esperava por um sinal. Foi quando escutou o som que avisava uma mensagem de texto. Abriu: "Estava aqui pensando em como foi bom te conhecer. Espero que estejas bem. Beijo." - ficou surpreso em receber a mensagem daquela que achou que não entraria em contato. O coração doía demais para viver uma aventura qualquer mas naquela noite tinha se permitido divertir entre os braços daquela novidade. Fora uma boa supresa tanto tê-la conhecido quanto agora aquelas palavras.
E seria um sinal para avançar no futuro do improviso? Para abandonar o já feito, o já exaustivamente tentado e jogar-se? Pelo pouco que conhecia sabia que ela valia a tentativa. Queria ter se permitido mais. Por medo e dor aquietou as vontades e calou em vez de retribuir um contato inicial. Em contrapartida lembrava sempre daqueles olhos faiscantes e do sorriso constante.
Olhou a caixa novamente. Fotos e mais fotos. Tantos lugares, tantos momentos, tantas risadas - e agora só sobravam as lágrimas. Seria este o destino já traçado desde o primeiro momento? Um nada aguardado final que separa os caminhos e os junta com outros? Seria justo dedicar-se à alguma coisa que não fará mais parte de nós no futuro? Se fosse assim ficaria anestesiado de propósito – não sentir, não esperar e não planejar. Ficaria alheio às decepções, a salvo de sentir o peito comprimindo-se.
O murmúrio dos vários pensamentos foi cortado pelo tocar do telefone. No visor mostrava “Amorzinho chamando”. Inspirou fundo e atendeu com uma voz grave de quem não está sofrendo e fungando pelos cantos. Escutou risadas ao fundo e admirou-se de ás onze da noite ela estar fora de casa – era sempre tão caseira. Questionou onde estava e ela disse que tinha ido num pub com colegas da faculdade. Foi aí que ela disse que precisava do casaco que estava com ele porque iria viajar no final de semana e estava muito frio. Em segundos passaram as imagens dele entregando a enorme caixa com o laço vermelho em cima e ela sorrindo agradecida pelo presente – aquele casaco fazia parte de um momento muito especial já que em seguida ele pediu pra morarem juntos. Agora era somente um casaco para ela. Um descartável utensílio a lhe servir sem valor sentimental. Ele ainda segurava a caixa de sapatos. Levantou-se e seguiu em direção à sacada – abriu a porta e enquanto respondia um “Claro, pode vir pegar aqui na portaria.” derramava o seu passado na rua. Múltiplos momentos voando entre os carros da avenida.
Já que pediu e precisava de sinais tinha interpretado como um outdoor a seqüência de acontecimentos. Leu novamente a mensagem de texto e resolveu ligar: nunca se arrependeu.
[Novidades ás vezes são luvas moldadas pros dedos modificados pelas circunstâncias passadas e necessárias. Quem arrisca o passo aprende um pouco mais, vive um pouco mais e sempre tem a opção de escolher seguir ou não.]
domingo, 6 de junho de 2010
Gastronômicos
Quero que me leias
Com teu corpo
E todos os poros abertos...
Em arrepio.
Que me recebas inteira
Mesmo entre esboços
Do que ainda serei:
modelando-me.
Que proves meu sabor
E conheças meu veneno
Mas saibas apreciar,
Adocicando-te.
Que me acompanhes
Enquanto descobrimos
Essas estradas possíveis -
Experimentando-nos.
Com teu corpo
E todos os poros abertos...
Em arrepio.
Que me recebas inteira
Mesmo entre esboços
Do que ainda serei:
modelando-me.
Que proves meu sabor
E conheças meu veneno
Mas saibas apreciar,
Adocicando-te.
Que me acompanhes
Enquanto descobrimos
Essas estradas possíveis -
Experimentando-nos.
domingo, 23 de maio de 2010
Detalhemos
Pormenores
É disso que necessitamos
Detalhes
Que nos dêem prazer
Momentos
Que nos dêem vida
Palavras
Que nos dêem paz.
...
Preciosos pequenos gestos
Dados de instante
Sem mais intenções
Além do brilho nos olhos
E o pulsar do coração.
É disso que necessitamos
Detalhes
Que nos dêem prazer
Momentos
Que nos dêem vida
Palavras
Que nos dêem paz.
...
Preciosos pequenos gestos
Dados de instante
Sem mais intenções
Além do brilho nos olhos
E o pulsar do coração.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Caminhantes
Não me encontre
Nem me busque
Quero a surpresa
Sem um porquê em si
Nenhum jogo de intenções
[E os egos do lado de fora]
Silencie os passos
Trave as palavras
Que seja no entremeio
Entre os movimentos
[Antes dos sentimentos...]
Uma verdadeira entrega
Comunhão [comum união]
De almas
Que só querem amar.
Nem me busque
Quero a surpresa
Sem um porquê em si
Nenhum jogo de intenções
[E os egos do lado de fora]
Silencie os passos
Trave as palavras
Que seja no entremeio
Entre os movimentos
[Antes dos sentimentos...]
Uma verdadeira entrega
Comunhão [comum união]
De almas
Que só querem amar.
domingo, 11 de abril de 2010
Findado o caso
Fugidos
Teus passos contra os meus
E nossas bocas distantes.
Um soluço
Uma mão que passeia
E as lágrimas lavram...
Pedaços
Nada mais se colore
Um caco que não faz diferença:
Neste mosaico ao contrário qualquer peça é desnecessária.
Teus passos contra os meus
E nossas bocas distantes.
Um soluço
Uma mão que passeia
E as lágrimas lavram...
Pedaços
Nada mais se colore
Um caco que não faz diferença:
Neste mosaico ao contrário qualquer peça é desnecessária.
domingo, 28 de março de 2010
Poderes e permissões
Empresta-me teus prantos
Curo teus passos mal-dados
Posso extirpar cicatrizes
E acalentar tuas mágoas.
Dá-me teus medos:
Posso criar-lhes coragem
Doa-me teus poréns:
Transformarei em certezas.
Se assim quiser, assim permitir
Podemos ser dupla e ter um continuar feliz.
Curo teus passos mal-dados
Posso extirpar cicatrizes
E acalentar tuas mágoas.
Dá-me teus medos:
Posso criar-lhes coragem
Doa-me teus poréns:
Transformarei em certezas.
Se assim quiser, assim permitir
Podemos ser dupla e ter um continuar feliz.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Acontecer
Suaves e singelos...
Teus passos em paralelo,
A boca a me dar alento
Mesmo que sem tormento.
Certamente que quero,
Mesmo em um quente inferno
Contar com esta bela visão:
Nossas mãos em união...
Enquanto nada, entre nós, é em vão.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Sinais
Era calado. Sempre acreditou que os sinais viriam quando fosse propício. Ficava observando tudo e todos na expectativa de compreender mais a respeito daqueles que tanto se amavam e ainda assim se faziam sofrer. Foi numa noite chuvosa que aprendeu que a os sinais são mascarados por acontecimentos fora do usual.
Já tinha ido dormir pois estava muito cansado depois de ficar horas na frente daquele computador tentando arrumar soluções possíveis para pedidos impossíveis de seus superiores. A chuva caia torrencialmente lá fora e parecia que queria entrar, de tanto que batia nos vidros da janela. Adorava aquele barulho pra dormir mais descansado, relaxava. Mas naquela noite estava inquieto e não conseguia se deixar adormecer, então resolveu descer as escadas e tomar um copo d’água. Ao descer uns três lances de escada ouviu o barulho de um choro contido que vinha do sofá da sala.
Achou estranho pois achou que os pais e as irmãs estivessem dormindo, entretanto seguiu até a sala. Encontrou a irmã mais velha com um papel numa mão e uma almofada na outra abafando o choro. Ficou ali sem saber se invadia aquela privacidade ou se sentava ao seu lado e secava as suas lágrimas. Na verdade nunca imaginou a irmã mais expansiva, alegre e determinada chorando – convulsivamente. Aguardou ainda um pouco pra ver se ela iria se acalmar, mas parecia que cada soluço ia mais fundo em alguma dor e que em algum momento ela iria sufocar.
Foi caminhando e fez-se notar para não assustá-la, sentou ao seu lado e pegou na mão que segurava o papel, tirou a almofada da mão dela e a abraçou forte. Ela soube que podia simplesmente chorar, sem ter de dar alguma explicação e chorou. Molhou o pijama listrado do irmão mais novo e depois de muito soluçar o olhou e sorriu. Foi um momento transcendental para ambos: ela, a extrovertida e tagarela, sendo confortada - ele, o tímido e distante, consolando. Ficaram um tempo se olhando e depois a folha branca toda molhada passou para as mãos dele.
“Amada Ângela,
Foi muito bom tudo o que a gente viveu e isso ainda acontece dentro de mim. Seria ótimo se você pudesse vir para a Itália e pudéssemos continuar de onde paramos, apesar do medo. Sei que se não tentarmos vamos ficar com isso engasgado o resto de nossas vidas. Considere isso como, se não der certo, um alívio futuro. Pense com o coração... é uma dica porque te conheço e sei que a racionalidade vai te tontear e assim negarás meu pedido.
Talvez nunca tenha te dito, mas Te Amo.
Daquele que te aguardou, te perdeu e te aguarda novamente... Marco Antônio.”
No entanto ele não entendeu porque a irmã chorava: se era alegria ou tristeza, se tinha se surpreendido por ter-se passado seis meses desde a separação dos dois e ele mandar aquela carta ou se estava aflita porque iria negar para continuar sua vida no Brasil. Mesmo assim impressionou-se com a expressividade de Marco, admitindo que tinha errado ao negar o que sentia e protelar uma história, expressando que amava quando nunca tinha dito nada parecido, correndo riscos mas seguindo seu coração. Em vez de questionar o que Ângela faria deu-lhe um beijo estalado na bochecha e disse: Viva, mana, mas ame de verdade. Se não tiver sentido não vai valer a pena e correr riscos faz parte do cotidiano. De que você quer se lembrar daqui há alguns anos?
Subiu aqueles degraus como se estivesse galgando o nirvana. Quando fechou a porta e se deitou na cama ficou olhando pra chuva e pensando em quanta coisa deixou de viver por isolar-se de seus reais sentimentos. Ficava aguardando um sinal em vez de fazer acontecer e assim perdia muito tempo. Nunca imaginou que as palavras que saíram enfileiradas pra irmã um dia seriam proferidas por ele, mas sabia que não havia acontecido por acaso: amanhã era outro dia e Bia precisava escutar o que aquele ‘novo’ ele iria expressar. Antes que ele fosse abatido pelos ponteiros que passam velozes e não nos perguntam se já decidimos ou não, simplesmente escorregam o tempo.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Encontrados - [Em contra dos]
Entre contro-versos
Se encontram marcas
De palavras latentes
De saudades poentes
De angústias valentes
De ponteiros passantes
De sorrisos avessos.
Nesta contra-dança
Se encontram pedaços
De olhares indecifráveis
De dogmas irreparáveis
De sonhos inquebráveis
De beijos irrecusáveis
De silêncio... que encanta.
Se encontram marcas
De palavras latentes
De saudades poentes
De angústias valentes
De ponteiros passantes
De sorrisos avessos.
Nesta contra-dança
Se encontram pedaços
De olhares indecifráveis
De dogmas irreparáveis
De sonhos inquebráveis
De beijos irrecusáveis
De silêncio... que encanta.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Percepção
Tem uma parte da gente que a gente nega porque é intelectual demais, desse modo: veraz demais também. E a gente percebe que no fundo a verdade não é só fato, pessoa, sentimentos – é uma interpretação única da verdade que precisa de alimento pra existir. O alimento vem da vontade de ver, transparentemente, sem floreios ou preenchimentos. É uma necessidade única de perceber com clareza os fatos porque não há tempo a se perder.
Aprendemos muito e estes aprendizados fazem com que a nossa tolerância à perda de tempo se reduza vertiginosamente com o passar do tempo. Era pra ser diferente? Bom, o ser humano não tem em si uma linha lógica de evolução. Deixemos Darwin de lado, estou tecendo aqui sobre a existência. Nem o cérebro está completamente desvendado ainda, quando mais o existir.
Pode parecer papo de filósofo que está sempre tentando validar tudo, refletindo sobre a ínfima parte de qualquer coisa. Sei lá, busco sentido na vida, vocês não? É tão fácil pra algumas pessoas simplesmente negarem tudo e viverem num mundo fake de ilusão, nem sempre positivo. Acho que é difícil realmente ver as coisas e daí ter de tomar algumas (sempre) decisões. Mas, se consideramos que viver é escolher o tempo inteiro, mesmo numa ilusão é escolha... certo? De qualquer forma a pessoa fez a opção de ter uma trajetória cômoda, mesmo que completamente insossa.
Bom, prefiro a imprevisibilidade autêntica e que me põe medo do que a certeza absoluta de um amanhã que não me trará desafio, emoção e reflexão. È fácil falar, sempre é fácil. A ação é o botão que, ao contrário de alguns que sempre o mantêm pressionado, se mantém numa caixa de vidro com um ‘em caso de emergência, aperte’. Sábios os que casam bem o estudo de cada situação e a ação no tempo devido.
De qualquer forma, a percepção está no cerne da atitude. Quando melhoramos nossas observações acerca de nós mesmos e dos outros a ação se torna uma parte não tão mais avassaladora – as conseqüências são na mesma proporção. E não há nuvens de dúvida pairando sobre nossas cabeças, dado que pensamos (pesamos) e agimos com base em evidências bem delimitadas. Se o fora é o dentro manifestado... pôxa, quanto dentro desajeitado a gente mantém só por preguiça de pôr ordem? Depois interpretamos os acontecimentos tão do avesso como se estivéssemos vendo por um espelho côncavo e nem imaginamos o porquê.
E assim, devidamente perceptivos (nunca no ideal) estamos mais preparados para uma convivência mais harmoniosa conosco e nossas decisões, interagimos com o mundo e as pessoas sem meias-verdades e poréns. Evitamos os ‘talvez’ que nos tomam tempo e atravessamos mais situações que se dão por vontade nata de vivenciar algo. Saímos da comodidade flutuante em que nos deixamos estar e temos contato com uma parte muito mais verdadeira (talvez dolorosa) nossa.
Se é para existir, que seja vivendo; Se é pra viver, que seja sentindo. (Ia acrescentar tudo ao mesmo tempo mas é generalista demais)
Está bem, acho que filosofei o suficiente por hoje... mas acho que o tema ainda se estende. Querem complementar?
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Entre passos e vozes
Tantos passos dados
Todos tão calados
Pelas vozes aqui dentro
Que falam...
Todos tão escassos
Estes compassos
E o mundo fica farto
De tantos que cessam.
Calem estes passos escassos
Que cessam entre compassos
Das vozes que falam.
Cessem este mundo aqui dentro
Que se dá farto de ficar em compasso
E das vozes que calam.
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