segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Percepção

Tem uma parte da gente que a gente nega porque é intelectual demais, desse modo: veraz demais também. E a gente percebe que no fundo a verdade não é só fato, pessoa, sentimentos – é uma interpretação única da verdade que precisa de alimento pra existir. O alimento vem da vontade de ver, transparentemente, sem floreios ou preenchimentos. É uma necessidade única de perceber com clareza os fatos porque não há tempo a se perder.

Aprendemos muito e estes aprendizados fazem com que a nossa tolerância à perda de tempo se reduza vertiginosamente com o passar do tempo. Era pra ser diferente? Bom, o ser humano não tem em si uma linha lógica de evolução. Deixemos Darwin de lado, estou tecendo aqui sobre a existência. Nem o cérebro está completamente desvendado ainda, quando mais o existir.

Pode parecer papo de filósofo que está sempre tentando validar tudo, refletindo sobre a ínfima parte de qualquer coisa. Sei lá, busco sentido na vida, vocês não? É tão fácil pra algumas pessoas simplesmente negarem tudo e viverem num mundo fake de ilusão, nem sempre positivo. Acho que é difícil realmente ver as coisas e daí ter de tomar algumas (sempre) decisões. Mas, se consideramos que viver é escolher o tempo inteiro, mesmo numa ilusão é escolha... certo? De qualquer forma a pessoa fez a opção de ter uma trajetória cômoda, mesmo que completamente insossa.

Bom, prefiro a imprevisibilidade autêntica e que me põe medo do que a certeza absoluta de um amanhã que não me trará desafio, emoção e reflexão. È fácil falar, sempre é fácil. A ação é o botão que, ao contrário de alguns que sempre o mantêm pressionado, se mantém numa caixa de vidro com um ‘em caso de emergência, aperte’. Sábios os que casam bem o estudo de cada situação e a ação no tempo devido.

De qualquer forma, a percepção está no cerne da atitude. Quando melhoramos nossas observações acerca de nós mesmos e dos outros a ação se torna uma parte não tão mais avassaladora – as conseqüências são na mesma proporção. E não há nuvens de dúvida pairando sobre nossas cabeças, dado que pensamos (pesamos) e agimos com base em evidências bem delimitadas. Se o fora é o dentro manifestado... pôxa, quanto dentro desajeitado a gente mantém só por preguiça de pôr ordem? Depois interpretamos os acontecimentos tão do avesso como se estivéssemos vendo por um espelho côncavo e nem imaginamos o porquê.

E assim, devidamente perceptivos (nunca no ideal) estamos mais preparados para uma convivência mais harmoniosa conosco e nossas decisões, interagimos com o mundo e as pessoas sem meias-verdades e poréns. Evitamos os ‘talvez’ que nos tomam tempo e atravessamos mais situações que se dão por vontade nata de vivenciar algo. Saímos da comodidade flutuante em que nos deixamos estar e temos contato com uma parte muito mais verdadeira (talvez dolorosa) nossa.

Se é para existir, que seja vivendo; Se é pra viver, que seja sentindo. (Ia acrescentar tudo ao mesmo tempo mas é generalista demais)

Está bem, acho que filosofei o suficiente por hoje... mas acho que o tema ainda se estende. Querem complementar?

Um comentário:

Caio Ceratt disse...

Isso me lembrou aquela expressão "falar dos outros sem olhar pro nosso próprio rabo". Realmente, a falta de perceber a vida, a nossa condição atual impede nossos avanços, correções, melhorias, enfim, nossa realização.