quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

meias-verdades

 meias-verdades

(As palavras já entregam o ouro)

Aquilo que parece mas se comporta diferente do habitual, observa.

Aquilo que segue comportando-se desigual, mas que não faz mal...




sábado, 13 de junho de 2020

Uma conversa que ilumina


Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus:
— Eu sei quem sou!
E Deus disse:
— Que bom! Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
— Eu sou Luz
E Deus sorriu.
— É isso mesmo! — exclamou Deus. — Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
— Uauu, isto é mesmo bom! — disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe bastava. A pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. Então foi ter uma conversa com Deus (o que não é má ideia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:
— Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
— Quer dizer que queres ser Quem já És?
— Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a Luz! — respondeu a pequena Alma.
— Mas tu já és Luz — repetiu Deus, sorrindo outra vez.
— Sim, mas quero senti-lo! — gritou a Pequena Alma.
— Bem, acho que já era de se esperar. Tu sempre foste aventureira — disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou.
— Há só uma coisa…
— O quê? — perguntou a Pequena Alma.
— Bem, não há nada para além da Luz. Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil experimentar Quem És, porque não há nada que tu não sejas.
— Hã? — disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
— Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões, zilhões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. Não seria um sol sem uma das suas velas e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás no meio da Luz — eis a questão.
— Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! — disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
— Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão — disse Deus.
— O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.
— É aquilo que tu não és — replicou Deus.
— Eu vou ter medo do escuro? — choramingou a Pequena Alma.
— Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas. Porque estamos inventando tudo. Estamos fingindo.
— Ah! — disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.
Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exatamente o oposto.
— É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é — disse Deus — Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, — continuou Deus — quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!
— Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? — perguntou a Pequena Alma.
— Claro! — Deus riu-se. — Claro que podes! Mas lembra-te de que “especial” não quer dizer “melhor”! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos esqueceram-se disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!
— Uau — disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. — Posso ser tão especial quanto quiser!
— Sim, e podes começar agora mesmo — disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Pequena Alma
— Que parte de especial é que queres ser?
— Que parte de especial? — repetiu a Pequena Alma. — Não estou a perceber.
— Bem, — explicou Deus — ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.

— Conheço imensas maneiras de ser especial! — exclamou a Pequena Alma — É especial ser prestável. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.
— Sim! — concordou Deus — E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de especial que queiras ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.
— Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! — proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. — Quero ser a parte de especial chamada “perdão”. Não é ser especial alguém que perdoa?
— Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
— Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me assim — disse a Pequena Alma.
— Bom, mas há uma coisa que devias saber — disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação.
— O que é? — suspirou a Pequena Alma.
— Não há ninguém a quem perdoar.
— Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
— Ninguém! — repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta.
Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados — de todo o Reino — porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer. Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
— Então, perdoar quem? — perguntou Deus.
— Bem, isto não vai ter piada nenhuma! — resmungou a Pequena Alma — Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de especial. E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste. Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse:
— Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou te ajudar — disse a Alma Amiga.
— Vais? — a Pequena Alma animou-se. — Mas o que é que tu podes fazer?
— Ora, posso te dar alguém a quem perdoares!
— Podes?
— Claro! — disse a Alma Amiga alegremente. — Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.
— Mas porquê? Porque é que farias isso? — perguntou a Pequena Alma. — Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito! Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti! O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?
— É simples — disse a Alma Amiga. — Faço-o porque te amo.
A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.
— Não fiques tão espantada — disse a Alma Amiga — tu fizeste o mesmo por mim. Não te lembras? Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos sítios. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau — fomos ambas a vítima e o vilão. Encontramo-nos muitas vezes, tu e eu, cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.
— E assim, — a Alma Amiga explicou mais um bocadinho — eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a “má” desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
— Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? — perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
— Oh, havemos de pensar nalguma coisa — respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma:
— Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?
— Sobre o quê? — perguntou a Pequena Alma.
— Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.
— Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres! — exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar: — Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
— O que é? — perguntou a Pequena Alma.
— O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!
— Claro que esta Alma Amiga é um anjo! — interrompeu Deus, — são todas! Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos.
E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
— O que é que posso fazer por ti? — perguntou novamente a Pequena Alma.
— No momento em que eu te atacar e atingir, — respondeu a Alma Amiga — no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento…
— Sim? — interrompeu a Pequena Alma
— Sim?
A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.
— Lembra-te de Quem Realmente Sou.
— Oh, não hei de me esquecer! — gritou a Pequena Alma — Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.
— Que bom, — disse a Alma Amiga — porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.
— Não vamos, não! — prometeu outra vez a Pequena Alma. — Eu vou me lembrar de ti! E vou te agradecer por esta dádiva — a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão. E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza — principalmente se trouxesse tristeza — a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito:
— Lembra-te sempre, — Deus aqui tinha sorrido — não te enviei senão anjos.


FONTE: O livro | A pequena Alma e o Sol, de Neale Donald Walsch


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Sou uma Deusa


Eu já fui tantas coisas tentando ser eu mesma, já me refleti em diversos espelhos achando que aquela era a minha imagem real. Já busquei amores e dores crendo que aquilo era do que eu precisava para me sentir viva e real. Hoje sei muito mais do que sou a partir de saber o que não sou. E crescendo com esse fluxo incessante da vida me permito aprender, enfim, a ser. É nessa jornada que eu pretendo levar vocês, a aprender a apenas ser quem realmente são: em sua melhor versão. A se olhar com amor e compaixão e pensar que tudo na vida é luz de aprendizado e amor. Até o que parece ser horrível, só está presente porque ainda temos sombras dentro de nós que precisam ser vistas e amadas. A existência é feita de contrastes, eles que dão forma e lembram que tudo é escolha. Que lado você escolhe alimentar?

Aprendi, finalmente, que sou uma deusa e assim sendo mereço só o melhor. E esse melhor vai depender daquilo que me permito receber, do que afinal me considero merecedora? Subi muitos degraus para chegar neste lugar onde só escolho amor, alegria, harmonia e luz. Daqui e na minha realidade só permito que o espelho reflita leveza e diversão, confiança e união. Não há mais espaço para críticas, reclamações, lamentações, vitimismo, desculpas e falta de atitude. Muito menos para a escassez – em todos os níveis. Foi intensa a minha jornada, a minha caminhada e daqui só vejo amorosidade em todas as lições que me forma necessárias para alcançar meu patamar de plenitude interior. E foi acima de tudo um compromisso comigo mesma de, haja o que houver, seguir crescendo e evoluindo. 

Eu alimento a luz dentro de mim e espalho o amor que vibra no meu ser. Esse manancial está disponível para todos, pois cada um tem acesso a isso dentro de si. Esquecemo-nos disso e vagamos, perambulamos e tropeçamos pelos obstáculos da vida que tenta desesperadamente nos mostrar que a felicidade está dentro – e não fora. O carro, a casa, os milhões de reais na conta bancária, o celular de última geração, o relógio master blaster, a bolsa de marca, a roupa caríssima não vão completar esse vazio que você mesmo não olha e não preenche com amor e aceitação. Depois disso, você pode escolher todas essas coisas, ou não – e está tudo certo. Não há problema em ter coisas, em ter luxo, em ter abundância. Mas que ela esteja principalmente dentro de cada um de nós. E que escolhamos a vida, as situações, os amores a partir dessa plenitude de ser quem se é e se amar desse jeito. De compreender nossos medos e escuridões e curá-los com amor. 

Afinal, se só damos o que possuímos e só atraímos o que vibramos ficam as perguntas: o que você está alimentando em si? O que você está escolhendo? O que você está emitindo para o universo?

Gratidão pelo partilhar dessa linda jornada que é a vida. Amor e luz.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Calar

Calar a paisagem que se mostra ao meu redor. Tudo está tão nítido e me ocupa em todos os espaços que mal encontro um lugar vago para respirar. Está tudo tão estranho ao meu paladar, tudo tão metamórfico, tão misteriosamente abstrato e eu me lembro de em algum lugar em que eu não era nada mais do que um ponto no vazio do espaço-tempo.

São tantas e absurdas tonalidades de cores que eu mal consigo focar em uma dimensão. Eu tento capturá-las, mas elas são livres e flutuam com amorosidade em torno de mim. Parece um conto de fadas, desses que a gente repete a dose e não esquece o final. Dessa vez não vejo ponto, nem final, nem desfecho. Nada parece seguir uma linha imaginária linear ou passível de ser captada em sua realidade. Real? Como descrever como real o que acontece aqui? Na imaterialidade desse sonho vívido tudo é absolutamente real num sentido cinéstesico que não se pode abraçar fisicamente. Eu apenas sou - misturada entre tudo ao mesmo tempo em que observo o desenrolar dessa trama.

Por quê em alguma instância eu iria querer calar tudo isso? Pelo medo de não-controle? Por não ter noção de onde tudo isso vai levar? Por escolher viver nesse mundo sistemático e bicolor? Talvez... em algum lugar do passado, onde eu não tinha vivenciado essa multiplicidade - eu escolhesse viver a vida em tonalidades cinza. Se eu não conhecesse essa paisagem, quem sabe. Talvez eu buscasse ainda me enquadrar nessa caixinha pequena onde tantos se colocam de cara para o canto e se dizem felizes. Já estive nessa busca e agora só busco a beleza da paisagem onde o horizonte é o único final e limite visível e compreensível. O amor, a vida, o cotidiano pode ser mágico. Mas, posso dizer pra vocês? A magia mora dentro. Infelizmente muitos buscam desesperadamente em coisas e corpos o que reside dentro e é de fácil acesso. 

E eu? Sou fada da minha própria existência. Eu moro nas cores e só aceito o extraordinário fluir como opção. Não me venha pedir pra ser de concreto e olhar as coisas de forma fixa e séria. Eu danço, eu voo. Não me encaixo e ao mesmo tempo eu retroalimento os seres que vivem nesse caos. Daqui eu dou risada - e não é deboche. É delícia, é vida, é uma gota a mais de sabedoria saboreada no canto da boca. Eu vivo. E seguirei... sem calar. Sem pausar a minha caminhada.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Numa galáxia muito distante um lunático rouba suas próprias ideias e uma estrela brilha mais do que os olhos da menina que veem o mar pela primeira vez. Tudo está absolutamente conectado e estranhamente todos sabem disso. Olham para os sinais que se avolumam a seu redor. Os mistérios não são nada misteriosos. Dizem que lá nesse mundo enigmático e fantástico toda vez que um dente-de-leão se lança pelo ar uma fada nasce e realiza um sonho. E que a chuva nutre a alma daqueles que se deixam molhar por ela.

Esse lugar é muito disputado entre as viagens intergaláticas de algumas civilizações avançadas, que querem ter a experiência do mágico cintilando a seu redor. Magicamente todos que querem ir até lá o conseguem, porque quem se conecta com aquela realidade acaba automaticamente feliz. A alegria disposta faz tudo fluir adequadamente e levemente. 

Contam as histórias que as flores ao florescer tocam lindas melodias, muito suaves, que despertam as pessoas de seu sono com doçura e encantamento. Tudo é muito colorido, de tons e nuances nunca vistas em tamanha beleza e esplendor. Geralmente as pessoas se questionam se estão sob o efeito de algum psicoativo, pois é tudo muito vibrante e intenso.

Confesso que tenho muita vontade de conhecer tal lugar, apesar do meu ego ceticamente estar designado para me fazer sofrer alegando autoproteção da psique. Inventa milhões de problemas e confusões, fica criando imagens mentais desconexas e rebeldes como me alertando de que é uma furada. Imagina? 

Como se eu estivesse fadada a viver aqui, nesse mundo mais cinza do que colorido - com pessoas se acotovelando por qualquer coisa que pareça ser trend. Mas deixa, eu vou dar a volta nesse sabotador que mora dentro de mim. A mágica estará ao meu redor - em breve.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Uma história para ser e amar

Era tarde, passagem comprada e olhos no painel. Coração que pulava ao peito pensando no momento do encontro. Na viagem, sentia um calor ao seu redor, como se fosse o abraço caloroso do próprio amor.

Aeroporto lotado, pessoas e mais pessoas que passavam de um lado para o outro. Como seriam suas histórias? O que lhes motivava a sair da cama todas as manhãs? Será que tinham vivido um grande amor? Como passavam seu tempo? Que livros marcaram sua existência? Mesmo entre estranhos pareciam todos tão familiares... Sempre curiosa das histórias por detrás dos seres. Foi a curiosidade que a levou a descobri-lo entre os demais. Mais uma? Ela apenas queira conhecer o universo interior daquele que muito tinha a dizer, e o dizia tão bem!

Foi então que perdida entre seus pensamentos, casaco e bagagem levantou os olhos e o viu. Era mesmo verdade? O corpo estremeceu. As mãos ficaram dormentes. O sorriso desabrochou num sol iluminando aquelas paredes frias de chegadas e partidas. "Oi você." Disse ela, meio sem jeito, louca para fazer uma piada para se defender da avalanche de sentimentos que lhe percorria. "Oi você." Ele disse, enquanto olhava a moça mais distante e mais próxima que jamais ousou pensar que um dia iria encontrar. Os olhares pousaram um no outro demoradamente. Naquela eternidade de segundos eles mergulharam profundamente no instante. Efêmero instante. Com toda a beleza de um encontrar-se naquela multidão que lhes envolvia.

Uma mão. Outra mão. Seguiam conectados pelo olhar. Chegaram perto, bem perto, mais perto. Sentiam a respiração um do outro. Narizes que se beijavam enquanto as bocas flertavam num sonho vívido de anseios que demoraram a serem verdades pois os corações estavam tão receosos de se entregarem... esses medos. Essas cicatrizes. Barreiras. Defesas. Tiveram de ser docemente conduzidos pelo universo até enfim darem-se a permissão de viver aquele amor incompreensível aos seus lógicos raciocinares. Tão românticos os dois. Queriam muito mais do que momentos, queriam uma vida inteira. Daquele mútuo olhar, beijar de narizes e flertar de bocas. As mesmas duas bocas se namorando durante uma existência em flor. Era esse o desejo daqueles dois. E o beijo foi se desenhando enquanto mais e mais se sentiam, entre corações que se achegavam mesmo à distãncia e agora tão próximos...

"Eu estou aqui?" Ela perguntou, depois do beijo, sem fôlego e com a alma em festa. "Estamos." Ele respondeu, com todas as defesas ao chão. Deram-se um abraço tão apertado que dava para lhes supor um só. Entre os cheiros de um e de outro, feromônios à vista, corpos arrepiados ela sussura "Que bom." e andam de mãos dadas até o táxi como se aquelas mãos nunca estivessem estado separadas.

Fizeram valer seu encontro, dia após dia. Entre recados apaixonados e telefonemas viviam um vida plena. Dois que estavam juntos sendo ainda assim, dois. Na plenitude do amor sabiam continuar a ser, e se apoiar, e vibrar pelas conquistas pessoais de cada um - sabiam que dois inteiros é que fazem uma relação harmoniosamente bela. Sabiam respeitar os limites de cada um, nas discordâncias achavam um ponto comum para amar sem ter de ser igual ao outro. Eram diferentes sim. Pensavam diferente em muitos aspectos e era isso que tornava a relação ainda mais bela. O que aprendemos com os exatamente iguais? Tinham um ao outro e sabiam disso. Na confiança de se relacionarem algum tempo distantes fisicamente, mas conectados por aquele laço de amor que se expressava de variadas formas. Se sentiam próximos. Ela o via pelos cantos de seu lar e ele também. De modo que durante todo o tempo em que viajavam um para ver o outro nunca duvidaram de que era possível aquele entregar-se.

Até o dia em que se entregaram mais do que de corpo e alma. Uniram-se em um único ponto, das coordenadas cartesianas que espelhavam a luz daquela vida em conjunto pro mundo. De compartilharem além de suas conquistas, uma vida, escolhas, planos, doçuras, desafios. E quando voltavam a se olhar - ah, aquele olhar. Sempre presente. Narizes que se beijam e bocas que flertam a vida inteira. De dois inteiramente presentes. E além.

domingo, 2 de setembro de 2018

Borboletas no estômago


Calo-me, pois já não tenho nada a dizer
Apenas calo
Todas as intenções, todas as palavras... 
Emudeço num mar de verborragias mentais {entre tantas pessoas querendo seu lugar ao sol}
Eu só sei me encontrar
E desse lugar que galguei com muito esforço
Apenas observo
Essas pessoas todas alvoroçadas por qualquer tipo de assunto
Fugindo de si mesmas.

Não sou perfeita, nem sou feita de aforismos
Sou carne, osso e borboletas no estômago
Ouso sonhar e dançar entre meus livros
Já não sei mais fingir que não me importo
Sussurro verdades ao vento para alguém ouvir
E uivo desejos vitais
Mas quem pode afirmar que o amanhã será melhor?
Serei ainda eu, novamente. Mais uma vez.