De suposições em suposições perdemos tempo. Gastamos energia juntando peças que sequer existem e assim, causamos um dano por vezes irreversível: pensamentos, palavras, ações que tomam corpo por uma ilusão da mente. Essa maquininha de arquitetar e equacionar, que busca nas mais ínfimas impressões cotidianas matéria-prima para analisar e construir teias de significado. Ah, calar a mente é a mais urgente e nobre tarefa - e talvez a mais difícil, principalmente quando tantas informações nos distraem ao mesmo tempo.
Enquanto as peças imaginárias são traçadas e montadas em nossas cabeças, uma infinidade de acontecimentos se põe em paralelo. Deixamos de caminhar, de escolher e de viver - por alguns minutos {ou muitos} em um devaneio quase insano de conjecturas. Puzzle de 5.000 peças pra quê? O cérebro é tão ardilosamente engenhoso, tão sagaz em suas profanações da consciência e tão exaustivo... consome ação sem mover um dedo nosso.
E nessas subliminaridades, se desvencilhando de hábitos novos e ressurgindo nos velhos padrões equivocados, o nosso computador-sempre-a-bordo faz misérias com as listas mais belas de propostas ao novo ano. Planejar ações faz parte de uma esperança sempre renovada de um novo horizonte, mais belo e alegre, mais realizador e estimulante - mas o ponto primordial é aquietar a mente.
É preciso romper tecidos empoeirados de crenças mofadas e sobrescrever a cartilha desestimulante do 'é difícil-complicado-impossível' que tanto escutamos desde pequenos com a sentença 'pode ser fácil-alegre-transformador'. A nossa mente quer nos proteger, esse é o papel dela, e cabe a nós deixar claro o nosso anseio pelo novo e também pelo desafio. O medo, ao invés de ser o general da mente que constrói barricadas, seguirá conosco - porém na retaguarda, como parte do processo. Vai dar o tom certo para evitar as impulsividades daqueles cheios de tempo gasto com as insalubridades passadas de geração em geração.
Aproveitemos as boas lições deixadas, a bagagem cheia de história, os conselhos daqueles que seguiram seus próprios corações sem se arrependerem de serem completamente autênticos e - porque não? Serenos.