domingo, 30 de outubro de 2011

Brisa

Deixo que o vento leve os anseios
Comungue as possibilidades
Desembarace os medos
E traga as novidades.


{A brisa passa e laça o que é certo pra se viver}

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fatídicas verdades

Não é pelas vias que chegamos a um destino. É através dele que chegamos às vias. De fato. O factum misterioso que nos olha com olhos apertados de quem calcula os movimentos. E somos contrários [também contraditórios]. Na verdade vivemos num paradoxal reduto de tensão entre as vontades e as possibilidades. Avassaladoras. Puxam pelos cabelos e nos fazem voltar a cabeça para onde nem sequer olharíamos, na distração cotidiana. Falta o ar. De alguma maneira também falta compreender as dúvidas que pairam enquanto encontramos uma saída, uma resposta, uma desculpa. Vomitamos desculpas ante as ansiedades insatisfeitas. E calamos. Sim, o silêncio perturbador daquele que paralisa o passo e, frente ao panorama indecifrável, congela. Assustamo-nos com as travessuras da existência, a nos cobrar mais do que um robótico e patético andar de lá para cá [e de cá para lá]. Há algo mais. E nos pinica, e atravessa - com agulhas finas na medula dos sonhos deixados de lado [desfeitos entre as revoltas do vento da urgência de ter algo a mais].
Esse observador que nos leva aos abismos de dúvida e vertigem da ação tem uma malícia hábil. Vai conduzindo [de leve] até o espelho de uma inegável verdade crua - e nos abandona lá. A solidão do reflexo olho-no-olho que tanto queremos evitar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sussurros de poréns

Eu sussurro as minhas vontades
Ávida para que elas eletrifiquem as tuas também
Mesmo a distância
Mesmo em silêncio
Mesmo quebrando as regras que eu deveria seguir
[Talvez hoje eu queira tudo e amanhã não]


Eu respiro teus sons
Eles vibram em mim
Marcham através das possibilidades
[Quem sabe as mais virtuais]
Rompem minha serenidade
Construída por muita razão
[Na minha pilha de teorias]


Soma teu corpo, de leve, ao meu
Passo por passo
Palavra por palavra
[Ainda haverá a eternidade a nos olhar ali?]


Uma penugem de curiosidades se eleva
Eu esgueiro sorrateira entre rastros
Cada vez que vejo teu pontilhar no horizonte
[A imagem que espelha algo muito similar ao que percebo]


Não há memória, não há momentos
Um feixe de escolhas se estende inatingível
E eu observo, imóvel, a luz que cega e nos separa.